sábado, 14 de novembro de 2009

Saudade do Strokes

Quando minha memória pousa no já quase longínquo ano de 2001, ela é invadida pela imagem de um puta álbum que marcou época. Is This It desembarcou no planeta arrasando quarteirão, embasbacando a crítica e tomando de assalto o cérebro da moçada cheia de expectativa com relação a música que poderia surgir com o novo século. Quem me apresentou esse grande Strokes foi um sobrinho, de ouvido esperto, que tem o saudável vício do rock and roll correndo forte no sangue. A banda novaiorquina nunca faria nada tão bom. Depois dele vieram o bacana Room on Fire(2003) e o bem mais ou menos First Impressions of Earth (2005). Daí a compreensível expectativa, quatro anos depois do último trabalho, em torno do recém lançado disco solo do vocalista Julian Casablancas.

Mas, a meu ver, não é com o primeiro álbum de Casablancas que vamos matar saudades dessa que foi uma das bandas mais legais de rock que surgiram nesta década. É claro que os fãs do grupo esperavam do vocalista um revival das canções pegajosas e vibrantes que ele ajudou a criar. Contudo, Phrazes for the Young(2009) é uma investida musical acabrunhante do carinha e não apenas por se distanciar em sua proposta dos Strokes. A sensação é de um disco desigual, sem norte, uma tentativa vã de Casablancas de criar uma identidade musical própria. Mas o que ficou em mim foi um gosto azedo na boca e a expectativa, reforçada agora, da propalada volta da saudosa banda com um novo disco para 2010, desses que deixem, desculpe a utopia, Is This It no chinelo.

Casablancas parece ter querido apostar em Phrazes for the Young num Synth pop com ares oitentistas. Quem ouve a pouca inspirada “Glass”, uma baladinha em que o teclado insistente e sacal torna a música cansativa, e a pop e descartável “11th Dimension”, até toma um susto. Afinal, o vocalista e compositor tem muito mais poder de fogo do que o mostrado nessas duas bobagens. Mas, há vida inteligente no álbum, principalmente quando a guitarra resolve dar um chega pra lá na tecladeira e toma conta da situação. “Out of the Blue”, a melhor e o que há de mais próximo de Strokes(olha a choradeira de novo...) no disco, é canção que pega de jeito o ouvinte com sua batida seca e hipnótica de bateria e a guitarra pontuando a melodia. Inspirada e animadinha de toda.

A guitarra manda muito bem também na bonita “Tourist” e naquela que considero a música mais emblemática do trabalho, “River of Breaklights”, os outros dois lampejos criativos do trabalho. A primeira tem um solo de guitarra marcante, arranjo inteligente e uma cadenciada e interessante melodia. Barulhenta e inquieta, a segunda, por sua vez, tem uma sonoridade um pouco estranha, com direito a teclado atonal no meio de toda aquela intensidade imposta por Casablancas. Mas, a estranheza é realinhada na hora que entra o cativante refrão. E aqui, vemos a luz própria, aquela que ele quis acender sem muita objetividade, do compositor. Aqui, ele deu a deixa de que pode ousar. Mas, esse vigor e ousadia infelizmente não se repetem em boa parte das composições.

Pelos insights, Phrazes for the Young não é um disco de se jogar fora. Mas, não corresponde a expectativa gerada por um compositor que, afinal, demorou para se mostrar em um trabalho solo. Julian Casablancas fica devendo um trabalho verdadeiramente consistente para os fãs que ele, e a culpa é toda dele e seus parceiros de Strokes, acostumou mal. E, no fundo, a gente sabe que essa álbum, mais cedo ou mais tarde, virá.

Cotação: 3

Control C control V para Casablancas:

http://freakshare.net/files/65hnvkoj/20091111-20.rar.html