sábado, 2 de maio de 2009

Passo seguro à frente

A paulistana Mariana Aydar vive o teste de seu segundo disco. Depois de uma elogiada estréia com o bem legal Kavita 1(2006), a bela artista lança Peixes, Passaros Pessoas(2009). E dá um passo seguro no caminho de se fixar como uma das mais interessantes cantoras da nova geração da MPB. Até porque não se acovardou: saiu de um álbum de intérprete, recheado de clássicos do nosso cancioneiro, para um trabalho mais autoral, onde arrisca composições suas e de contemporâneos, como o artista plástico Nuno Ramos e o namorado Duani, também produtor do disco ao lado do incensado Kassim.

Na verdade, o passo a frente de Mariana é comedido. Seus riscos são calculados, mas sinceros. Peixes, Pássaros Pessoas se rende em boa parte ao samba. Aqui, mantem o sabor pop do disco anterior, mas, ao contrário daquele, experimenta composições novas e desconhecidas, sambinhas assinados quase todos por Duani, integrante do grupo Forroçacana. E acerta, na maioria das vezes, no repertório. Casos da doce e potente “Florindo”, que abre o CD em grande estilo e da bem humorada “Aqui em Casa”, de autoria de Kavita, pseudônimo que ela usa para assinar suas próprias músicas.

O samba ecoa forte no disco e ela assume isso na autobiográfica “O Samba me Persegue”, com participação especial de Zeca Pagodinho. Nessa, Aydar canta: “Se eu fosse a rainha do Rádio, colocava o danado em primeiro lugar/ O samba me persegue e eu não vou negar”. Mesmo animado, este samba não é dos mais representativos do disco. Melhor mesmo é ficar com “Teu Amor é Falso”, samba de letra bem resolvida e estrutura clássica e “Poderoso Rei”, onde fica evidente a influência de Clara Nunes em sua vida, o que já havia demonstrado em Kavita 1, regravando sucessos da saudosa artista.

Mas, não é apenas a correção dos sambas que anima, ainda que os arranjos destes deixem um pouco a desejar. Uma outra Mariana pode ser sentida em composições que fogem daquele gênero. Mais ousada, ela busca, na parceria de Nuno Ramos, artista plástico talentoso e também compositor, navegar em outros mares. A sinuosa “Tudo o que eu Trago no Bolso”, quase cantada à capela, onde ela está acompanhada de uma guitarra jazzística e atonal, e o baião “Tá”, com sopros e teclado fazendo o contraponto à estrutura mântrica daquele gênero musical, são caros exemplos de que essa paulistana vai longe. Avoé, Mariana, você passou com graça e firmeza pelo teste do segundo disco.

Cotação: 4

Vá de Mariana, seguindo a trilha das três opções abaixo:

http://bitroad.net/download/579836455940/Mari.Pei.Paa.People.rar.html

http://www.easy-share.com/1904506201/MAPPEP.zip

http://www.zshare.net/download/584568642b442f53/