terça-feira, 14 de abril de 2009

Garota, eu vou pra Califórnia

Direto da seção bandas insurgentes candidatas a queridinhas da vez, o Todoouvido foi parar na Califórnia, nas asas de blogs antenados. Dois grupos bem barulhentos daquela ensolarada região têm chamado atenção dos blogueiros de plantão. E com elogios unânimes. Trata-se do Wavves e Crystal Antlers, que estão lançando seus primeiros trabalhos de peso em abril desse ano com estardalhaço no underground.

Das duas, Crystal Antlers, e seu Tentacles(2009), é a mais interessante. Na linha revivalista, esses moleques californianos mergulham na psicodelia com direito a teclados e guitarras alucinados, como na abertura instrumental “Painless Sleep”. A paulada come solta na ótima “Dust”, uma descarga de duzentos volts, com bateria e voz rápidas, bem ao estilo do progressivo setentista.

Destaque para o vocal rouco de Johnny Bell. O cantor trabalha no limite da tensão, que a música urgente da banda pede, sem perder o prumo e o foco. É possível ser afinado apesar de toda gritaria? Bell prova que sim. Ouça “Time Erased” e “Memorized”, essa com teclado soporífero que lembra The Doors, e cheque o inegável talento do cara. O vocalista é acompanhado por Andrew King(guitarra), Kevin Stuart(bateria), Victor Rodriguez(órgão), Damian Edwards(percussão) e Errol Davis(guitarra).

No meio da pauleira, vide a histérica “Tentacles”, e algumas viagens boba, com a tecladeira lisérgica dialogando com guitarras distorcidas, na música “Vapor Trail”, há espaço para baladões contundentes no CD. São os casos das boas “Andrew”, um blues de responsa, e a linda “Until the Sun Dies(Parte One)”, que lembra Pearl Jam, na entrega e vigor da banda e do vocalista, reforçada pela louca mudança de andamento.

Tentacles, do Crystal Antlers, que antes só havia lançado um elogiado EP, em 2008, é realmente uma grata surpresa. Olho nessa galera.

Cotação: 4

Psicodelize-se:

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ou:

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Rock tinhoso

Wavves, assim mesmo, com dois “v”, é mais pop, menos técnico, mas tão elétrico quanto seus conterrâneos. Nathan Daniel Williams, o tinhoso moleque por detrás da banda, vêm de um primeiro trabalho, homônimo, lançado há apenas quatro meses. Wavvves (2009), esse é o nome do álbum, passeia entre o rock garageiro e o indie e também pela instabilidade. Sem muito compromisso formal, o CD arrisca até experimentações sonoras, como na instrumental “Rainbow Everywhere”, um space rock dispensável.

A partir da segunda faixa, Williams mostra a que veio. E acende as luzes das pistas para quem quiser dançar com a tosqueira de composições repletas de coros sem-vergonhas e levada de garagem. Os três acordes e a bateria acelerada de “Beach Demon” são contagiantes. Na mesma pisada, “To the Dregs” acelera, com direito a corinho pontuando a melodia direta e veloz, de apenas 1:58. Ganham o ouvinte na mesma velocidade.

Quando desacelera e se aproxima de um indie rock cabeça, como na faixa “Sun Open my Eyes”, monocromática e tediosa, na instrumental “Goth Girls”, com barulhinhos eletrônicos aleatórios e irritantes, e, principalmente na parte final do CD, o Wavves perde o rumo. Melhor mesmo é ficar com as composições bubblegums de estrutura simples, como as legais “No Hope Kids” e “Califórnia Goths”. Aqui, o infernal Nathan Williams mostra que tem potencial para conquistar platéias. Só precisa focar sua música. A maturidade, com certeza, vai lhe dar régua e compasso.

Cotação: 3

Arrisque:

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