quinta-feira, 30 de abril de 2009

De cara pro sol

Alguns artistas têm ojeriza à mídia. Vivem em reclusão concebendo suas viagens pessoais e, por contraditório que pareça, fazendo exatamente fama com isso. É o caso do caipira Bonnie “Prince” Billy, um dos ícones do alt-country, gênero musical que nada é mais do que um sertanejo norte-americano mais estetizante. O barbudo acaba de lançar Beware(2009), o 14º disco de sua carreira.

O novo de Will Oldham, verdadeiro nome do cantor e compositor, deixou muita gente surpresa. Isso porque, o cara vinha ruminando uma série de trabalhos banhados em melaconlia, com letras engenhosas e linha melódica soturna. Em Beware, o norte-americano arrisca aumentar a voltagem de suas canções. E se cerca de instrumentação consistente e músicos talentosos para fazer um trabalho mais acessível.

Tem mais cor e alegria em músicas como “Beware Your Only Friend”, “You Can´t Hurt me Now” e, principalmente, em “You Don´t Love Me”, essa encorpada por saxofone e guitarras em meio a um arranjo tradicional e quase pop. Há ,mais claramente, formalismo e apelo à tradição, características inesperadas em se tratando de Bonnie Prince, em composições como “I Don’t Ask Again”, com sua slide-guitar melosa e corinho estupefaciente, e na deja-vu “I Don´t Belong to Anyone”.

Mesmo na praia do convencional, o caipira manda bem. Não é, porém, o que ele faz de melhor, até porque nessa linha existem muitos outros craques. Mas, para o gozo dos velhos fãs que idolatram a obra-prima I See a Darkness- Bonnie 'Prince' Billy(1999) e toda sua tristeza infinita, o compositor oferece pepitas de sua melhor lavra. É o caso da linda “Death Final” e da dolorida “There is Something I Have to Say”, essa sim de uma beleza poética e melódica irretocável, arredondada por um baixo que dialoga encantadoramente com a voz correta do artista. É o que salva esse trabalho apenas mediano, mas que vale ser ouvido com atenção.

Cotação: 3

Experimente com control C control V:

http://www.mediafire.com/?oumhztdcjyz

ou

http://www.easy-share.com/1903997318/BPB-B.rar

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Ela dança, eu danço

Peaches (batizada Merril Nisker)ganhou o mundinho underground com sua atitude despachada, à base de muitos palavrões e sexualidade exacerbada. A canadense e uma das musas do electro-clash, uma mistura apimentada de eletrônica, hedonismo e rock descerebrado, volta, três anos depois de seu último CD, Impeach My Bush(2006) às prateleiras das lojas com seu terceiro trabalho I Feel Cream(2009).

O novo da desabusada não está assim tão desabusado. Mas, nem por isso, menos excitante. Peaches gravou um álbum de rachar pistas de dança. I Feel Cream é um petardo que bebe na eletrônica, rock e hip hop com igual desenvoltura e energia. Para essa jam session energética, Peaches convocou alguns dos nomes mais celebrados da cena eletrônica atual: Simiam Móbile, Digitalism, Soulwax e Drums of Death, que assinam, ao lado dela, a produção.

O resultado não poderia ser mais instigante. Depois de um começo um tanto morno, a monótona "Serpentine", o álbum cresce explosivo com as ótimas “Talk to Me”, a primeira música de trabalho, com uma irresistível fusão com o rock, e a dance “Lose You”, que, me perdoem os fãs da cantora, lembra uma Madonna mais endiabrada. Difícil ficar parado. E o disco segue pulsante com a hipnótica “More”, com batidão forte e muitos efeitos, e a eletro-hip-hop “Billionaire”.

Homogêneo, I Feel Cream é uma mostra inequívoca do talento de Peaches, com sua bela afinação. Torna-se aqui potencialmente uma séria candidata à rainha na praia do electro-clash, depois de uma tentativa frustrada de descambar para uma linha mais roqueira. E a danada pode. Para tirar qualquer dúvida, refestele-se com a contagiante “Show Stopper” ou a impagável “Mommy Complex”, duas das mais incendiárias composições desse libelo dançante.

Cotação: 4

Rode a baiana:

http://sharebee.com/fd374d7e

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Caudalosa ousadia

Não é muito fácil escutar Rômulo Froés. É preciso ter ouvidos educados. E persistir para ter o claro entendimento do caleidoscópio musical proposto pelo artista em seu terceiro trabalho, No Chão sem o Chão(2009). Froés tenta escapar da pecha de sambista que o vinha perseguindo até agora e comete um dos discos brasileiros mais autorais e ousados, se não o mais, desse ano.

Eloquente, o paulistano resolveu lançar um álbum duplo, dividido em duas sessões, a primeira “Cala Boca já Morreu” e a segunda “Saiba ficar Quieto”. Nas duas, o músico, ao lado dos letristas e artistas plásticos Nuno Ramos e Clima, dá uma guinada em sua carreira fazendo transambas e transrocks, expressões criadas por Caetano Veloso para designar a mistura de samba e rock com tempero essencialmente brasileiro.

No Chão sem o Chão é um exercício musical complexo, sem que pra isso caia necessariamente na chatice. Froés continua a fazer seus sambinhas tortos, agora com guitarras dissonantes e com a mesma tristeza sem fim, já presentes em seus dois álbuns anteriores, Calado(2004) e Cão(2006). Casos das bacanas “Qualquer Coisa em você Mulher”, “Só Você faz Falta”, uma concessão adorável ao pop, da marchinha carnavalesca “Ela me quer Bem” e da sinuosa “Caia na Risada”, uma das melhores do projeto.

Mas, Fróes quer avançar e é com a ajuda da energia rocker, no que o gênero tem de alternativo, que consegue a chave da transformação. E aqui o músico bebe de influências diversas. É possível ver ecos do tropicalismo, com suas guitarras rasgadas, em “Destroço” ou em “Caveira” e visualizar ainda uma paisagem indie rock na inclassificável “Anjo”, que começa pesada para depois afagar esperta nossos neurônios.

Em parte das canções, graças a banda mais roqueira de Fróes, os solos de guitarras surgem largados, livres em improvisações muitas vezes desconcertantes a cargo de Guilherme Held e do mito Lanny Gordin, em participação especial. Ouça “Do Ponto do cão” e “Deserto Vermelho”, entre outras, e ateste.

Mas, as referências sonoras não se resumem à pegada rock. Até porque o artista quer se livrar de rótulos. E nesse sentido, ele é generoso. Há toques de ska em “Minha Casa”e há atonalismo, que lembram o Arrigo Barnabé de início de carreira, em “Peraí”. E tem canções com alma emepebística sem que esbarrem nas convenções como na ótima “Para Fazer Sucesso” ou mergulhando na tradição como a linda “Saiba Ficar Quieto”. Qualquer que seja o ritmo, é possível sentir uma arquitetura homogênea nas letras refinadas, ora concretistas ora surrealistas, mas sempre desconcertantes e intrincadas.

Por tudo isso, ouvir Rômulo Froés em seu surto criativo e abundância de propostas musicais é reconfortante. Há vida inteligente em nossa música. No Chão sem Chão é uma prova cabal disso.

Cotação: 5

Beba da fonte, copiando e colando:

http://lix.in/-3febaf

ou

http://lix.in/-478cd4

terça-feira, 14 de abril de 2009

Garota, eu vou pra Califórnia

Direto da seção bandas insurgentes candidatas a queridinhas da vez, o Todoouvido foi parar na Califórnia, nas asas de blogs antenados. Dois grupos bem barulhentos daquela ensolarada região têm chamado atenção dos blogueiros de plantão. E com elogios unânimes. Trata-se do Wavves e Crystal Antlers, que estão lançando seus primeiros trabalhos de peso em abril desse ano com estardalhaço no underground.

Das duas, Crystal Antlers, e seu Tentacles(2009), é a mais interessante. Na linha revivalista, esses moleques californianos mergulham na psicodelia com direito a teclados e guitarras alucinados, como na abertura instrumental “Painless Sleep”. A paulada come solta na ótima “Dust”, uma descarga de duzentos volts, com bateria e voz rápidas, bem ao estilo do progressivo setentista.

Destaque para o vocal rouco de Johnny Bell. O cantor trabalha no limite da tensão, que a música urgente da banda pede, sem perder o prumo e o foco. É possível ser afinado apesar de toda gritaria? Bell prova que sim. Ouça “Time Erased” e “Memorized”, essa com teclado soporífero que lembra The Doors, e cheque o inegável talento do cara. O vocalista é acompanhado por Andrew King(guitarra), Kevin Stuart(bateria), Victor Rodriguez(órgão), Damian Edwards(percussão) e Errol Davis(guitarra).

No meio da pauleira, vide a histérica “Tentacles”, e algumas viagens boba, com a tecladeira lisérgica dialogando com guitarras distorcidas, na música “Vapor Trail”, há espaço para baladões contundentes no CD. São os casos das boas “Andrew”, um blues de responsa, e a linda “Until the Sun Dies(Parte One)”, que lembra Pearl Jam, na entrega e vigor da banda e do vocalista, reforçada pela louca mudança de andamento.

Tentacles, do Crystal Antlers, que antes só havia lançado um elogiado EP, em 2008, é realmente uma grata surpresa. Olho nessa galera.

Cotação: 4

Psicodelize-se:

http://www.megaupload.com/?d=B8O06W89

ou:

http://www.4shared.com/file/97493606/e2c8f1de/Crystal_Antlers_-_Tentacles__2009_.html

Rock tinhoso

Wavves, assim mesmo, com dois “v”, é mais pop, menos técnico, mas tão elétrico quanto seus conterrâneos. Nathan Daniel Williams, o tinhoso moleque por detrás da banda, vêm de um primeiro trabalho, homônimo, lançado há apenas quatro meses. Wavvves (2009), esse é o nome do álbum, passeia entre o rock garageiro e o indie e também pela instabilidade. Sem muito compromisso formal, o CD arrisca até experimentações sonoras, como na instrumental “Rainbow Everywhere”, um space rock dispensável.

A partir da segunda faixa, Williams mostra a que veio. E acende as luzes das pistas para quem quiser dançar com a tosqueira de composições repletas de coros sem-vergonhas e levada de garagem. Os três acordes e a bateria acelerada de “Beach Demon” são contagiantes. Na mesma pisada, “To the Dregs” acelera, com direito a corinho pontuando a melodia direta e veloz, de apenas 1:58. Ganham o ouvinte na mesma velocidade.

Quando desacelera e se aproxima de um indie rock cabeça, como na faixa “Sun Open my Eyes”, monocromática e tediosa, na instrumental “Goth Girls”, com barulhinhos eletrônicos aleatórios e irritantes, e, principalmente na parte final do CD, o Wavves perde o rumo. Melhor mesmo é ficar com as composições bubblegums de estrutura simples, como as legais “No Hope Kids” e “Califórnia Goths”. Aqui, o infernal Nathan Williams mostra que tem potencial para conquistar platéias. Só precisa focar sua música. A maturidade, com certeza, vai lhe dar régua e compasso.

Cotação: 3

Arrisque:

http://rapidshare.com/files/210654387/W09W.rar

ou:

http://www.megaupload.com/?d=2JTH4RW8

domingo, 12 de abril de 2009

Virada pra lua

Quando voltava do Centro Cultural do Banco do Brasil, aqui em Brasília, dirigindo na via que dava no prédio, um estrangeiro pediu informação, com um sotaque carregado, sobre onde ficava o CCBB. Estava com uma cara feliz, brilho nos olhos, como uma criança à beira de se refestelar na Disneilândia. O motivo da alegria me parecia óbvio, ainda que o estranho não tivesse explicitado: ele estava indo ver a exposição Virada Russa.

Imagino que é assim que reagem os povos das nações milenares mais acostumadas com a riqueza e a beleza das artes plásticas. A oportunidade de ver Kandinski, Chagall, Maliévich e Rodtchenko, entre outros gigantes da vanguarda russa causa mesmo esse frêmito nos europeus. É a alegria de estar diante de uma arte suprema, única, que influenciou e ainda influencia artistas de todo o mundo. Nós deste país criança, pelo menos a maioria, não temos esse impulso. Somos ainda ignorantes e incautos.

Por isso ir ao CCBB para ver os russos deve ter a aura de um ritual. As 123 obras do Museu de São Petersburgo, uma coleção exuberante, é pra ser vista de joelhos. E mais de uma vez. Afinal, essa é uma chance raríssima de ver craques da arte mundial, como Chagall, que participa com a linda e conhecida tela Passeio (veja ao lado), com todas as característica que marcaram seu trabalho: leveza, cor e onirismo.

Na exposição Virada Russa, o visitante pode dar de cara também com o colorido impactante e multifacetado das obras de Kandinsky(foto ao lado), outro mestre do moderno, e de Kazimir Maliévich. Esse ganhou uma sala própria. O único. E não poderia ser diferente. Ele foi um dos maiores, se não o maior, incentivador de uma vanguarda – no plena acepção dessa palavra – que polemizou a Rússia e ainda guarda uma vitalidade impressionante.

De Maliévich, três das pérolas expostas são ícones do modernismo que, pessoalmente, não me agradam muito: a cruz, o quadrado(foto) e o círculo, figuras geométricas pintadas em preto sobre fundo branco. Refletem a complexidade de um artista em busca da forma simples e absoluta, mas com extremo rigor formal, e que acabou gerando a escola Suprematista, criada por Maliévich e da qual se tornou seu maior representante.

Ninguém pode negar a surpreendente coragem dos russos de perseguirem uma nova forma de arte. E é essa a grande percepção da Virada Russa, no CCBB. Ver um bando de artistas nas duas primeiras décadas do século passado, à beira da revolução soviética, desafiando a tradição com uma linguagem pictórica extremamente moderna. E você pensa como essa galera chegou a esse nível de experimentação tão fantástica num mundo, principalmente o russo da época, tão preso ainda ao passado.

Tão bacana quanto vislumbrar o futuro num passado distante, quase cem anos atrás, é ter a oportunidade de conhecer artistas fabulosos dos quais você nunca ouviu falar. Caso de Natalia Gontcharova (obra ao lado)e Pavel Filónov, a primeira, representante do raionismo, escola feita de abstração e pinceladas curtas e nervosas. O segundo foi seguidor supertalentoso do construtivismo. Desse, a tela Guerra com a Alemanha (foto abaixo), com todo seu detalhismo, simbologia e criatividade, é de tirar o fôlego.

Virada Russa é dessas raras exposições que ficam na memória. Uma aula de vigor e sensibilidade que educa e ajuda o visitante a entender um período da história de renascimento cultural invejável. Arrefeça sua ignorância e vá com urgência.

Cotação: 5

sábado, 11 de abril de 2009

Reino da maturidade

Eles demoraram quatro anos, depois de Some Cities (2005), para gravar um disco. Mas, os irmãos Jez e Andy Williams, ao lado do amigo de infância, o vocalista e baixista Jimi Goodwin, sacudiram a poeira e azeitaram seu pop rock melódico. Doves, o trio de Manchester lançou no início de abril deste ano, o consistente Kingdom of Rust(2009), um trabalho de maturidade que supera em muito o álbum anterior. É um dos primeiros grandes álbuns do ano de uma banda já estabelecida.

Difícil não se animar com as músicas que abrem o disco. É uma porrada bem dada. "Jetstream", a de abertura, é acida e pomposa. A trilha para fechar os créditos finais do filme Blade Runner, de Ridley Scott, segundo a banda. Bobagem. É música para a trilha sonora de quem curte um rock bem feito e produzido. É também uma investida da Doves na praia da eletrônica e seus climas etéreos. Um toque dado provavelmente pelo produtor Dan Austin, do Massive Attack, um dos pais do trip hop.

Esses toques eletrônicos podem ser vistos ainda de leve na melhor música do disco, "Kingdom of Rust" dona de belos melodia e arranjos de cordas e cantada com paixão por Jimi. Essa já nasce clássica. A composição rivaliza um pouco com "Spellbound", com uma levada meio radioheadiana, dos tempos de Pablo Honey e Bends, e "10:03", uma balada doída. Climáticas e envolventes. É bom lembrar ainda que o outro produtor de Kingdon of Rust é John Leckie, engenheiro do segundo disco do Radiohead.

Os dois produtores citados dão suas boas contribuições, mas não tiram o mérito autoral dessa banda inglesa, que sabe criar belas melodias e grandes refrões. E se o negócio é rock and roll para balançar, Doves também não nega fogo e mostra serviço nas ótimas "The Outsiders", urgente e nervosa, "The Greatest Diner", e "House of Mirrors", todas com Jez Williams arrebentando na guitarra.

E se vocês sentirem um eco de U2 na hipnótica "Winter Hill", não estranhem, é porque esses caras do Doves sabem o que fazem e querem ir longe. Valeu a espera. E vale também a minha nota:

Cotação: 5

Caia na rede:

http://rapidshare.com/files/214791753/D2O0V0E9S.rar

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Força da natureza

Neko Case é daquelas raras artistas que escolhem uma direção e seguem o rumo sem se desviar. É coerente com o universo country e folk que a orienta desde seu primeiro trabalho, um ensaio chamado The Virginian, de 1997. Remete assim a musas instituídas do gênero, como Joni Mitchell, Rickie Lee Jones e Aimee Mann, sempre dispostas a experimentar, mas mantendo fortemente suas raízes musicais. Em Middle Cyclone (2009), a norte-americana empreende um sucessor a altura do lindo Fox Confessor Brings the Flood(2006).

A capa do disco, uma das mais bacanas que vi este ano, com Case fazendo a linha dominadora montada num capô de um velho Mercury Cougar com uma espada na mão, podia até sugerir um trabalho mais ousado, moderno. Não rola. O que se vê é a cantora destilando suaves canções, acompanhadas de cellos, como na linda "Never Turn Your Back on Mother Earth", country com sofisticação, ou na tocante "Polar Nettles", na qual uma bateria marcial faz um instigante contraste com uma clarineta.

Classuda, Case oferece algumas de suas mais inspiradas composições, como a que dá nome ao CD, "Middle Cyclone", ou a soturna "Prison Girls", uma história de amor contada por meio de uma carta. A natureza, ou pelo menos sua presença intangível em nossas vidas, se faz presente em boa parte das músicas. Para reforçar esse clima, a artista é capaz de reunir uma orquestra de pianos, seis ao todo, como em “Don’t Forget Me”, uma das mais fraquinhas do disco. Uma pequena derrapada que não ameaça o vigor de Middle Cyclone.

Aliás, existe uma outra bobagem no álbum. Os 31 inacreditáveis minutos de bichogrilismo na última faixa, “Marais la Nuit”, com o som ininterrupto de grilos e sapos. Tudo bem que a natureza rege o conceito do disco, mas não precisava tanto. Pule essa encheção de saco e volte a primeira faixa para se deliciar com a boa música de Neko Case.

Cotação: 4

Oriente-se:

http://www.mediafire.com/?uwmyyummjgi

Aqui também dá:

http://www.megaupload.com/?d=HOJYJTZT

Ou, por fim:

http://www.zshare.net/download/572516148e9d31eb/

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Vôo corajoso

Todo ano aparece uma leva de novas cantoras brasileiras, algumas a reboque de uma produção que descaracteriza a artista, e outras que se oferecem ao público sem efeitos especiais e com muita coragem. Tiê faz parte desse último time. A bela mocinha lançou recentemente seu primeiro trabalho Sweet Jardim, bem acústico e low-fi, amparado apenas pela voz pequena da paulistana, um violão, uma guitarra aqui, um piano acolá e outros poucos instrumentos.

Sweet Jardim é uma surpreendente lição de simplicidade e talento. Com ecos de folk, apesar da cantora negar essa tendência, Tiê mergulha em letras confessionais com melodias suaves e despretensiosas. E talvez seja isso que encante. Como em “Passarinho”, onde ela brinca com o próprio nome na poesia montada em melodia marcante: “Quando mamãe olhou pra mim, ela foi e pensou, que um nome de passarinho me encheria de amor. Mas passarinho, se não bate a asa logo pia, e eu, que tinha um nome diferente, já quis ser Maria”. E complementa faceira: “Ah, como é bom voar.”

Tiê se investe de romantismo, sem qualquer acento piegas, em quase todas as suas letras. A compositora fala de si mesmo, revelando sem medo clássicos desejos, como na bela “Chá Verde”, onde canta e toca piano, acompanhada de um coro de vozes de amigos: “Mas o que eu penso mesmo, é encontrar alguém, que me dê carinho e beijos, e me trate como um neném. Me trate muito bem”. Também em “Te Valorizo” (veja clip na barra de vídeo ao lado), uma das melhores do álbum, ela aguarda alguém que a encha de beijos. Será que ninguém se habilita?

Nada supera, contudo, o acerto da melodia e letra de “A Bailariana e o Astronauta”, uma das mais tocantes e inspiradas do CD. A tristeza de música, arredondada por sutis cello e vibrafone, é contrabalanceada pela poesia, uma bem contada história de amor e esperança. Tiê, com sua voz mansa e que lembra a da mineira Fernanda Takai, tem habilidade para arquitetar composições que tocam a alma. E com Sweet Jardim ela empreende um vôo musical que pode levá-la longe.

Cotação: 3

Voe junto, mas antes copie e cole:

http://lix.in/-426ae7

terça-feira, 7 de abril de 2009

De volta ao começo

De volta as resenhas de disco, a primeira em 2009, depois de um longo e tenebroso inverno. E começo com o último de uma banda que sempre me agradou, And You Will Know us by The Trail of Dead, apesar da instabilidade criativa desses texanos. Acho superbacana o Source, Tags & Codes, discaço de 2002, aliás, o preferido – e com razão – dos fãs mais fiéis.

Os caras lançaram no início deste ano um trabalho chamado The Century of Self, no qual recobram, a meu ver, parte da energia que caracterizou o início da carreira da banda. Pra quem não conhece, os norte-americanos do You Will Know... primam por uma sonoridade multifacetada, onde guitarras distorcidas e barulheira sônica promove um inusitado e inesperado casamento com orquestrações e pianos delicados.

E não é que os sujeitos tomaram um chá de inspiração e se recuperaram das bobagens que produziram nos últimos três anos. The Century of Self começa com “Giants Causeway”, música instrumental de primeira, grandiloqüente e melodiosa, assim como aconteceu na abertura da já citada obra-prima Sources Tags & Codes.

O bom sinal anima o ouvinte. Até porque, as três músicas seguintes, “Far Pavillions”, “Isis Unveiled” e “Halcyon Days”, com destaque para a última, encontra a banda afiada, fazendo sua típica musica com muitas quebras de andamento, melodia pegajosa, arranjos redondos e buliçosos. Tem espaço até para citação da clássica Bolero, de Ravel, em uma delas, sem falar nas viagens psicodélicas que remetem aos loucos anos 70.

Lá pelo meio, o disco vai perdendo um pouco a força e ganhando apelo pop (!) quando entra no universo das baladas. Não que a banda tenha que ser sempre esfuziante, mas ela é mais eficiente quando faz barulho. Ainda mais com o agravante do vocal de Conrad Keilly, com timbre parecido com o de Perry Farrell, do Jane’s Addiction, não ser lá muito marcante. Mas, há que se chamar atenção para as lindas “Inland Sea” e “Ascending”, duas das melhores do disco.

Entre mortos e feridos, The Century of Self é um sopro de renovação dessa banda que ganhou lugar cativo no coração de muita gente. Mesmo não sendo uma brastemp, dá pra ouvir com gosto.

Cotação: 4

Vá lá no ctrl C ctrl V:

http://sharebee.com/54253d72

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Dando a cara a bofete

Roberto Carlos de cueca samba canção fica mal na foto? Que nada. Pelo menos é o que pode ser percebido no divertido site http://www.sleevefacebrasil.blogspot.com/. A idéia é simples e funciona muito bem. Pegue uma capa ou mais do bom e velho vinil, “acople” ao seu corpo ou de um amigo e peça alguém para fotografar. O resultado são fãs ou meros tiradores de onda emprestando parte do corpo para personificar um ídolo da música pop.

Impossível não abrir um sorriso vendo a moçoila dando uma de Chispita(alguém lembra?) ou um marmanjo imitando o Johnny Mathis segurando um fofo ursinho de pelúcia na mão ou até mesmo nosso “rei” Roberto (foto acima), na pele de um criativo fã, numa situação nada nobre. Tudo feito com composições de capas de disco. Um grande barato. Vá no blog, que foi uma dica do krebão (valeu, cara), e se divirta.