quarta-feira, 11 de junho de 2008

Sobrado do samba

O renascimento do samba vivido pela cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos tem produzido talentos que bebem direto naquilo que o gênero tem de mais tradicional, reproduzindo a arte de Cartola, Zé Keti, Paulinho da Viola e outros bambas. Contudo, esse bom momento tem feito surgir também alguns grupos que tomam o samba como base, mas aglutinam a ele ritmos universais.

É o caso de Sobrado112, uma turma que morava no bairro da Glória, perto da emblemática Lapa, e resolveu se juntar para fazer uma fusão musical onde exercita, sem medo de ser feliz, todas suas influências sonoras. O resultado está no primeiro álbum da galera, Desmanche(2008), uma carta de intenções desigual, mas com algumas boas idéias que têm tudo para evoluir mais lá na frente.

Onde mais o grupo acerta a mão é na parte do bolo em que os músicos demonstram a paixão pelo samba e pelo jazz. Esse namoro ora é personificado em sambinhas puros, como na simpática “Sem Par” e no delicioso e arrastado sambão “Acionista da Boemia”, com poesia inteligente e participação especial do grande Aldir Blanc, ou na mistura do gênero com o jazz, a exemplo da fantástica “A Tira Gosto”, onde o trompete de Leandro Joaquim faz a diferença.

O jazz se diz presente também magicamente na bela introdução de “Sampranfant”, para se perder adiante quando a música vira um rap cantado em francês. Dispensável salada que pode ser vista ainda no ska-reggae instrumental “Juliana”, que parece deslocado no álbum. São pequenos tropeços que tiram um pouco a força de Desmanche, mas não o sentimento de que a banda pode fazer história. Vá de música brasileira:

outra opção:


Cotação: 3